Mais da metade dos homens gays com mais de 45 anos vivem sozinhos, segundo pesquisa da Associação Americana de Pessoas Aposentada (AARP). Embora os dados indiquem que a solidão ainda atinge grande parte dessa população na terceira idade, a história de Frederico Gondim, conhecido como Fred, de 75 anos, engenheiro aposentado da Bahia, e Verilson Duarte, o Nino, de 56 anos, professor na Paraíba, segue um caminho diferente.
Eles se conheceram por acaso, em um grupo de aplicativo de mensagens criado por amigos em comum. Depois de um mês conversando, decidiram se encontrar pessoalmente durante o aniversário de um colega, em Recife. “Foi um desafio, porque relacionamento à distância requer muita coisa, paciência, tempo”, disse Nino.
Hoje, eles dividem a casa, cuidam de um cachorro, recebem amigos e aproveitam os momentos simples, como assistir televisão lado a lado.
“Ele é o meu primeiro relacionamento e está sendo muito desafiador. Estou gostando de viver essa nova fase. Estamos aqui e está valendo a pena cada momento e cada minuto”, disse Nino.
3 em cada 4 pessoas LGBT+ temem envelhecer sem apoio
Embora existam histórias como a de Fred e Nino, a solidão ainda é realidade para muitos. Ainda de acordo com a pesquisa da AARP, 46% dos homens gays nessa faixa etária moram sozinhos. Entre as mulheres lésbicas, 39% são solteiras e 36% vivem sozinhas.
Três em cada quatro pessoas LGBTQIAPN+ com mais de 45 anos temem envelhecer sem apoio familiar ou de amigos. Também há receio quanto ao acolhimento em instituições de longa permanência e à falta de serviços específicos para idosos da comunidade.
Apesar disso, no Brasil, dados do Censo 2022 mostram que o número de casamentos entre pessoas com mais de 60 anos cresceu 23,5% desde 2018, com mais de 74 mil uniões registradas em 2022. Os casamentos homoafetivos também atingiram um recorde desde 2013, com mais de 11 mil registros em 2023.
Para a psicóloga Aline Manchado, viver afetos na velhice é essencial para a saúde emocional. “Poder viver esses afetos sem medo de que ele traga uma violência por si só é algo de extrema importância. Promove essa saúde, não só para o casal, mas também para toda a sociedade que garante a vivência do seu afeto e da sua sexualidade de maneira plena e saudável”, explica.
G1PB
Adicionar Comentário